quarta-feira, novembro 15, 2006

Concerto pelo Duo Alma Mater

Acabo de chegar do concerto pelo duo Alma Mater, constituido por Gonçalo Pescada(acordeão) e Nuno Pereira (piano). O programa foi o seguinte: de Bernhard Molique, "Alta Música de Câmara para acordeão e piano", op.61; "Concerto Primavera" de Igor Lapinsky; depois de um curto intervalo, ouvimos "Estaciones Porteñas", de Astor Piazzolla, "Divertimento" de A. Volpi, um fantástico "Oblivion" outra vez de Piazzolla e, para terminar as famosas "Czardas" de Carlo Monti. Depois dos insistentes aplausos, o duo acabou por repetir "Oblivion".
Uma sala cheia recebeu estes antigos alunos da ESART e que se encontram actualmente a frequentar, no caso do Gonçalo, o mestrado em performance, na Universidade de Aveiro e a Hochschule fur Musik Koln, no caso do Nuno.

Foi uma oportunidade de sentir como é que o Gonçalo está a digerir o recente prémio no Concurso do Estoril e aproveitei para lhe fazer algumas perguntas:

Carlos Semedo (CS): Gonçalo, tu fizeste um percurso longo como qualquer instrumentista; agora que começas a ganhar um certo distanciamento relativamente a esse caminho, como sentes a evolução do acordeão em Portugal?

Gonçalo Pescada (GP): Sinto que houve uma grande evolução! Cada vez há mais jovens a querer estudar acordeão e finalmente o público começa a ter oportunidade de ouvir, por exemplo, o acordeão no contexto da música para grande orquestra; cada vez mais, o acordeão aparece em grupos de música de câmara e embora o meu caminho tenha começado na Academia, passando pelo Instituto Matono, sinto que a criação do Curso Superior de acordeão foi, também, um passo muito importante.

CS: Estás, pois, confiante no futuro?

GP: Sim, mas há muito por fazer. Há muito trabalho pela frente; por exemplo, há um desafio que deve ser lançado aos compositores portugueses para que escrevam para o nosso instrumento, há um mercado de concertos ainda muito frágil que obriga a que, em praticamente todos os casos, o ensino seja a única hipótese de ganhar um salário regular.

CS: Gostavas que surgissem mais hipóteses de equilibrar a tua vida profissional com um maior peso na realização de recitais?

GP: Sem dúvida. Agora vou ter uma série de concertos com Orquestra Sinfónica e vou realizando alguns recitais com os diversos projectos que abracei, mas é muito pouco.

CS: Há instantes falavas da importância da criação de um Curso Superior de acordeão. O que pensas da resposta do meio ao mesmo?

GP: Creio que não podemos ter pressa. As coisas estão a acontecer a uma velocidade vertiginosa. Nos últimos 15/10 anos muita coisa mudou no acordeão, em Portugal e não podemos esperar uma repentina avalanche de alunos no ensino superior, assim de um momento para o outro. Mas tenho uma certeza, vamos precisar todos uns dos outros para conseguirmos fazer melhor e mais depressa.

CS: O dia de amanhã?

GP: Aulas, muitas aulas, o meu mestrado em Aveiro e, felizmente, alguns concertos.

CS: Obrigado, Gonçalo e parabéns pelo concerto!

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