sexta-feira, outubro 28, 2005

Danças Ocultas em Castelo Branco

Na passada segunda-feira fui a Castelo Branco assistir ao concerto das Danças Ocultas com o meu amigo Carlos Calado. Eu não ouvia este grupo ao vivo desde a sua actuação no saudoso Viv'a Rua em Évora no final da década de 90.
O deslumbramento que me provocaram há dez anos na Praça do Giraldo descobri-o nos olhos do Carlos enquanto ele bebia sofregamente cada nota, cada acorde que os quatro músicos produziam no palco do Cine-teatro albicastrense...
Reconhecemos as músicas dos primeiros dois dicos e extasiamo-nos com a descoberta de "Pulsar".
"Muuito à frente"... dizia o Calado, naquela expressão que utiliza quando uma experiência lhe enche as medidas.
No final insistiu para que esperássemos pela saída do Artur Fernandes. "Temos de o conhecer pessoalmente!"
E ficamos à porta do teatro...
O que se passou depois foi a emoção de um encontro há muito adiado e de um abraço de alguém que, no fundo, já conheciamos...

quinta-feira, outubro 13, 2005

O Acordeão e a Música

Caros amigos “bloguistas”: Foi com enorme prazer que aceitei o convite feito pelo meu amigo e colega Octávio Martins para participar neste local de ideias livres, construtivas, sinceras e sentidas sobre Acordeão, o ensino e a música.
Acedi participar neste espaço (é a primeira vez que participo num blog)ao encontrar o Octávio, que não via há pelo menos 2 anos, no passado dia 25 de Setembro em Estremoz num concerto em que participei e em que depois do mesmo conversámos bem mais de uma hora sobre o Acordeão e a música em geral. Essa conversa levou-nos a percorrer alguns anos da nossa vida enquanto estudantes e colegas, o repertório que se tocava, os colegas que deixámos de ver, as competições nacionais e internacionais em que participámos, até ao ensino actual do acordeão. Foi no calor desta conversa que veio o convite do Octávio para colocar de quando em vez, alguns pensamentos e opiniões sobre todos estes assuntos. Aceitei, e espero que possamos trocar e discutir os nossos diferentes pontos de vista sobre este magnífico instrumento, sem recorrer-mos (como acontece em alguns blogs) a ofensas pessoais, pois não contribuem em nada para o bem-estar dos músicos e da música em geral. Prometo em breve escrever sobre alguns dos assuntos que acima sublinhei e que acho pertinentes.
Por agora não me alongo mais, deixando em jeito de conclusão uma frase feita mas que reflecte um pouco a minha opinião e a minha forma de estar na música; “só há dois tipos de música: a boa e a má” .
Abraços a todos , e bem haja Octávio por este espaço.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Danças Ocultas na Coupe Mondiale

Acabei de saber que o Danças Ocultas estará no concerto de abertura da Coupe Mondiale! Não podia receber melhor notícia!
Como é referido no seu blogue, para eles "este é o primeiro contacto com este universo "mais académico" do acordeão. É muito interessante este convite da parte da organização, que demonstra assim uma abertura a formas de expressão alternativas!"

No dia 20 de Junho, escrevi neste blogue:
Este desejo de dar a conhecer o seu lado mais "sério" não significa que exclua a "world music" ou o Jazz. Temos, em Portugal, músicos como Gabriel Gomes, Artur Fernandes ou Celina Piedade com trabalhos muito sérios (isto é, rigorosos, criativos...) nessa área e com conhecimento do que se faz "lá fora" (e "lá fora" conhece-se Artur Fernandes e os danças ocultas!).
O momento ideal seria o quebrar das barreiras entre os dois mundos (isso está a acontecer há mais tempo do que se julga no meio acordeonístico).


Este ano promete!!!

domingo, setembro 25, 2005

Amigos (3)

Hoje assisti a um concerto numa freguesia da minha terra natal, Estremoz. A Sinfonietta de Lisboa interpretava uma peça de Piazzolla com um solista de acordeão, o meu amigo Pedro Santos. Foi um prazer voltar a ouví-lo. A fusão da sonoridade líndissima das cordas da Sinfonietta, com uma afinação irrepreensivel, e do timbre do acordeão é perfeita.
Antes e depois do concerto conversamos imenso. O Pedro, além de ser um excelente concertista, é uma das melhores pessoas que conheço. Muito do que me disse, na sua forma calorosa, vem ao encontro das idéias que orientam este blog. Espero pela suas palavras neste espaço, muito brevemente...

sexta-feira, setembro 23, 2005

Coupe Mondiale

Na caixa de comentários do post anterior referiram um importante acontecimento que decorrerá em Outubro na cidade de Castelo Branco. Durante cinco dias a Coupe Mondiale, organizada pela Confédération Internationale des Accordéonistes (CIA), reunirá alguns dos mais talentosos acordeonistas de todo mundo.
O trabalho desenvolvido pelo Conservatório de Castelo Branco e, mais recentemente, pela Escola Superior de Artes Aplicadas contribuiu de forma decisiva para a realização em Portugal deste concurso internacional.
Quem tem um interesse sério pelo instrumento não pode perder este evento entre 25 e 30 de Outubro. Eu vou lá estar e vou levar os meus alunos!

segunda-feira, setembro 19, 2005

Saudades...

Volto ao trabalho hoje depois de umas excelentes férias e venho com saudades!
Saudades dos meus alunos, dos antigos e dos novos; de um concerto ao vivo do Danças Ocultas; de ouvir meu amigo Paulo Jorge; de descobrir novo reportório para o acordeão...

Este ano promete!

segunda-feira, agosto 15, 2005

Actualização de links

Quando comecei a explorar a Internet em 1996 descobri alguns sites sobre acordeão. Entre os projectos mais interessantes encontrei este. Criado nesse ano na Nova Zelândia, tornou-se uma das principais referências para o meio acordeonístico.
Alguns anos mais tarde surgiu o Accordions Links. Esta lista de sites relacionados com o acordeão está muito bem estruturada e é a mais completa que conheço.
Os links para estes sites estão aqui ao lado. Vale a pena dar uma espreitadela, se não os conhecerem!

domingo, agosto 14, 2005

Ouvir


"Intuição" - Gonçalo Pescada

"Percursos" - Paulo Jorge Ferreira

Dois excelentes trabalhos de dois extraordinários instrumentistas. O "percurso" de ambos é muito interessante: Gonçalo Pescada concluiu recentemente a licenciatura em Acordeão na classe de Paulo Jorge Ferreira. Ambos foram alunos de José António de Sousa, um admirável pedagogo e acordeonista. Em Setembro vou fazer um post sobre ele e outros professores de acordeão que por todo o país têm lutado pela dignificação deste instrumento.

quarta-feira, julho 27, 2005

Sirius


Haverá instrumento mais belo que este acordeão?
Os "graves maravilhosos e sonoros e [os] agudos cheios e doces" de que fala o Armando só são possiveis de obter no Pigini. Não é por acaso que lhe puseram o nome da mais brilhante estrela do firmamento...

terça-feira, julho 26, 2005

Amigos 2


O Jorge Caeiro, talentoso músico, generosamente deixou-me estudar no seu acordeão Pigini Sirius para este concerto. Esta fotografia foi tirada há dois anos na Igreja dos Remédios, onde apresentamos o duo pela primeira vez (ainda com o Bugari...).

Amigos

Uma hora intensa com as palavras dos poetas e os Amigos a preencher aqueles espaços da nossa alma que julgávamos inacessíveis.
Obrigado a todos pelo apoio.

quinta-feira, julho 21, 2005

Recital de acordeão

Faltam dois dias para o meu recital integrado no ciclo "Música nos Claustros", organizado pelo Eborae Musica. O programa está aqui

quarta-feira, julho 06, 2005

Música de Piazzolla em Évora

No próximo dia 7 de Julho,pelas 19 horas, realizar-se-á no Páteo do Forum Eugénio de Almeida um concerto com o "Piazzolla Quintet", integrado no Ciclo "INTERMEZZO".
Paulo Ferreira, de quem já falei aqui, é o acordeonista deste grupo constituído por José Machado (violino), Raquel Gravino (violino), Sandra Dias (viola) e Jorge Sá Machado (violoncelo). A não perder!

segunda-feira, junho 20, 2005

da divulgação do repertório

Estou ansioso pelos primeiros dias de Julho, sem aulas, para me poder dedicar a alguns projectos ligados à divulgação do acordeão na minha região.
Nas duas associações musicais onde ensino o instrumento pretendo encetar contactos com outras escolas do litoral e do Algarve onde o número de alunos e o nível do trabalho desenvolvido é bastante elevado. O incentivo para a aprendizagem do acordeão passa pela qualidade do repertório e dos seus intérpretes. Por isso é essencial trazer a Évora bons acordeonistas para dar a conhecer o que de melhor se tem escrito para o instrumento nos últimos anos.
Não tenho o dinamismo de colegas como Aníbal Freire, de Alcobaça, ou Paulo Jorge Ferreira, que trabalha em Castelo Branco. Mas conto hoje com o apoio das duas instituições eborenses que estão mais interessadas na divulgação do acordeão de concerto.
Este desejo de dar a conhecer o seu lado mais "sério" não significa que exclua a "world music" ou o Jazz. Temos, em Portugal, músicos como Gabriel Gomes, Artur Fernandes ou Celina Piedade com trabalhos muito sérios (isto é, rigorosos, criativos...) nessa área e com conhecimento do que se faz "lá fora" (e "lá fora" conhece-se Artur Fernandes e os danças ocultas!).
O momento ideal seria o quebrar das barreiras entre os dois mundos (isso está a acontecer há mais tempo do que se julga no meio acordeonístico).
Contudo, essa não é a minha vocação. Foi a via mais "erudita " que me apaixonou desde o princípio...
Para quem não conhece o repertório contemporâneo para acordeão de concerto ou bayan, explore os links de acordeonistas que se encontram aqui ao lado. Todos os comentários serão bem-vindos!

sexta-feira, junho 10, 2005

do repertório

Quando comecei a estudar acordeão a escola de referência era o Instituto Vitorino Matono. Desde o final da década de 50 até ao início da década de 80 os seus alunos encontravam-se entre os melhores acordeonistas da Europa.
Durante muitos anos o Prof. Matono procurou dignificar o instrumento dando a conhecer o repertório original de compositores como Zolotarev, Semionov, Chaikin e outros. As tendências mais vanguardistas ou experimentalistas não o atraiam, preferindo um repertório que não se afastasse muito do tonalismo. Podemos aperceber-nos disso nas suas próprias composições.
A musica "tradicional" portuguesa é a sua fonte de inspiração principal. Também aparece na suas obras uma certa ideia de "exótico" (Fantasia Cigana, Capricho Eslavo). A Java e a Musette,o Fox Trot e o Tango, enfim, os ritmos de dança estão sempre presentes. Vitorino Matono cresceu com essa música e "apesar" da sua formação académica (estudou Composição com Croner de Vasconcelos e Piano no Conservatório de Lisboa) nunca abandonou essas raízes.
Curiosamente, poucos ou quase nenhum compositor português, até há pouco tempo atrás, se interessou pelas potencialidades do instrumento. Seria interessante fazer um estudo sobre a composição para acordeão em Portugal. Além do manancial de peças produzidas pelo Prof. Matono ( não sei se existe uma lista actualizada...) que compositores portugueses escreveram obras para o instrumento ou o incluiram em obras de câmara?


Posso referir, para começar, algumas compositores que dedicaram alguma atenção ao instrumento:
Recentemente, o compositor Carlos Marecos escreveu uma peça, O Medo do Ritmo, para o Concurso Mundial de Acordeão que se realizará em Castelo Branco no mês de Outubro.
Encontrei, no blog de Sérgio Azevedo, uma obra de sua autoria com acordeão.
Amílcar Vasques Dias escreveu para 10 (?) acordeões, na Holanda.
Sei que Jorge Peixinho tinha algum interesse pelo acordeão. Falei uma vez com ele na época em que fui seu aluno de A.T.C na Academia de Música Eborense sobre as possibilidades e limitações do instrumento.
Paulo Jorge Ferreira, professor na Escola Superior de Artes Aplicadas e no Conservatório Regional de Castelo Branco, também tem escrito para acordeão.

terça-feira, junho 07, 2005

Um pouco de história...(1)

O acordeão fascinou-me desde o primeiro dia que contactei com o instrumento. Comecei por descobrir que o repertório não se limitava aos estafados corridinhos algarvios e fandangos ribatejanos.
Conheci o Prof. Vitorino Matono e, na sua escola, excelentes músicos como Arlinda Morais, Maria João Cunha, José António, Aníbal Freire, Paulo Jorge Ferreira, Pedro Santos.
Entrei no universo do acordeão pelo mão da escola italiana. Descobri a música de Fancelli, Beltrami, Volpi, Ferrari-Trecate e Fugazza. Com estes compositores comecei a interessar-me por outras linguagens. Abria-se um novo universo musical à minha frente de ritmos, timbres e harmonias fascinantes.
Foi em Itália que participei pela primeira vez num concurso internacional e ouvi grandes concertistas. Pela primeira vez ouvia um quarteto de acordeão tocar música contemporânea. Confesso que o primeiro impacto foi um choque...
Tudo isto se passa no espaço de 5 anos! Entre os 13 e os 18 anos eu percorrera um caminho que os meus colegas de Lisboa fizeram em 10 anos... Foi tudo tão vertiginoso que nunca cheguei a consolidar alguns aspectos técnicos e artísticos do instrumento e, por essa razão, o meu percurso depois dos 18 anos se tornou muito irregular.
Para falar com franqueza, nunca acreditei, seriamente, na possibilidade de me tornar concertista, de me dedicar exclusivamente ao acordeão. Ouvi muitas reprimendas por ter escolhido outra via (licenciatura em Ciências Musicais). Contudo nunca abandonei o instrumento e continuo, de forma esporádica, intermitente, a tocar em duo ou como solista.´

Depois da história do meu percurso acidentado que pouco interesse terá para os leitores deste blog) gostaria de deixar alguns dados sobre o ensino do instrumento na época em que eu comecei a estudar, no próximo post.

quinta-feira, março 17, 2005

Acordeão, fisarmonica, squeezebox...?

Ontem (ou terá sido há uma semana?) percorri a net em busca de um blog português sobre acordeão. Não encontrei nenhum, pois, como seria de esperar...
Resolvi então criar um espaço onde, a propósito do acordeão, se falasse sobre música. Ou melhor, se falasse do acordeão, a propósito de música. Não com a erudição de alguns bloguistas do mesmo ofício. Não tenho muita fluência nestas coisas da escrita (até sou um pouco desajeitado quando me ponho a compor um texto). Mas gosto de música e deste instrumento tão extraordinário.